Em meados de 1951, o São Paulo FC consegue aval para um empréstimo de Cr$ 5.000.000,00 junto à Caixa Econômica Estadual para auxiliar na construção de seu sonho. O empréstimo, aliás, somente foi possível após grande reivindicação da diretoria, pois Corinthians e Palmeiras já haviam requisitado e obtido antes.
Após a ativação da Comissão Pró-Estádio (criada em 15.05.1952), o São Paulo consegue junto a Imobiliária Aricanduva um terreno de 99.873m², em 4 de agosto de 1952. A Imobiliária buscava divulgar seu loteamento para o público. E era mesmo necessário, afinal era em local desconhecido, distante e carente de todas as melhorias da cidade. Melhor atrativo e garoto propaganda que o SPFC não havia.
Para agilizar todo o processo, facilitar a obtenção de investimentos e cumprir o acordo com a Aricanduva, imediatamente o Tricolor lançou a pedra fundamental do estádio, mesmo ainda sem projeto de construção definido, e o Monsenhor Francisco Bastos abençoou o terreno.
O passo seguinte foi estabelecer o primeiro plano de arrecadação de recursos. A Comissão Pró-Estádio definiu a venda de 3.000 futuras cadeiras cativas, com título válido por 20 anos. Contudo, a descrença da população mediante ao fato de se “construir um estádio no meio do mato”, aliado à contra-campanha de torcedores rivais e setores da imprensa, forçou o Tricolor a vender 12 mil cadeiras, e torná-las patrimônio definitivo.
Assim, foi aberta a concorrência para os projetos de construção do estádio. Três escritórios de arquitetura apresentaram modelos: A empresa soviética Antonov & Zolnerkevic, a firma de Gilberto Junqueira Caldas e o escritório de Vilanova Artigas, Gastão Rachou Jr, José Carlos Pinto, Carlos Cascaldi e David Ottoni.
O projeto russo era o mais chamativo. Complexo e futurista, com cobertura retrátil e de vidro, mais parecia uma nave espacial. Entretanto a vencedora foi a concepção de Vilanova Artigas. Seu principal ponto forte era a capacidade de público: 120 mil pessoas, originalmente. Artigas era adepto do brutalismo, vanguarda artística que valorizava o concreto exposto – outro fator preponderante na escolha: menor custo de manutenção.
Em 10 de março de 1953 o São Paulo FC apresentava ao público a maquete de sua futura praça esportiva. O projeto original contava com estádio de futebol, ginásio poliesportivo ao estilo “Morumbizinho” com capacidade para 20 mil pessoas, praça de atletismo e parque aquático com três piscinas (uma olímpica), ambos com arquibancadas para 5 mil pessoas, além de diversas quadras poliesportivas e sede social.
Preparativos finalizados, era chegada a hora de arregaçar as mangas e começar a erguer o colosso de concreto, o maior estádio particular do mundo.
Entre 1956 e 1957 começou, verdadeiramente, a construção do maior estádio particular do mundo. As fundações foram concluídas em setembro de 1957, por Cr$ 20.000.000,00. Seis vãos de gigantes (espaços entre as colunas de sustentação) foram terminados em seus três níveis e outros 19 vãos ao redor, até as cativas, em fevereiro de 1957.
Até agosto de 1958 todos os níveis foram levantados, mas, somente em março de 1960, finalizados, com o acréscimo de outros cinco vãos. Tudo ao custo de Cr$ 78.681.571,60. Com essa configuração, o Morumbi teria sua inauguração parcial.
Até lá, contudo, faltavam outros detalhes: a pista de atletismo, configurada por Dietrich Gerner, foi inaugurada em 9 de abril. As rampas de acesso provisórias e pisos do pavimento térreo foram entregues em 20 de julho, por módicos Cr$ 7.000.000,00. Já os bancos das numeradas e cativas foram instalados por Cr$ 10.600.000,00. Para pregá-los, Laudo Natel teve que virar garoto propaganda de uma indústria de parafusos e assim conseguir 400 mil unidades de graça.
Por fim, o muro de entorno, necessário para separar a torcida do canteiro de obras, saiu por Cr$ 4.000.000,00. Triste foi a derrubada do velho pinheirinho, retrato do lento avanço das obras. Reza a lenda que a esposa do presidente Cícero impediu seu corte, pois nele havia um ninho de passarinho. Passaram-se quase oito anos até que, enfim, ele fosse derrubado por causa da construção do muro.
Longe de estar finalizado, a Comissão Pró-Estádio achou por bem inaugurar o estádio, mesmo incompleto, pois passaria a obter mais recursos provindos de bilheteria e também de ações publicitárias e promocionais, pelo destaque do Morumbi na imprensa. Além de, claro, saciar a vontade do são-paulino em ver e ocupar sua própria casa.
São Paulo Futebol Clube 1 x 0 Sporting Club de Portugal
SPFC: Poy; Ademar, Gildésio e Riberto; Fernando Sátyro e Victor; Peixinho, Jonas (Paulo Lumumba, depois Cláudio Garcia), Gino Orlando, Gonçalo e Canhoteiro (Roberto Frojuello). Técnico: Flávio Costa.
Gol: Peixinho, 12/1
SCP: Aníbal; Lino, Morato e Hilário; Mendes e Júlio; Hugo, Faustino, Figueiredo (Fernando), Diogo (Geo) e Seminário. Técnico: Alfredo Gonzalez.
Árbitro: Olten Ayres de Abreu
Renda bruta: Cr$ 7.868.400,00
Renda líqüida: Cr$ 7.779.900,00
Público pagante: 56.448
Público presente: 64.748
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